ANAMOLA boicota lançamento da auscultação pública do Diálogo Nacional e Inclusivo

A Aliança Nacional para um Moçambique Livre e Autónomo (ANAMOLA) anunciou que não vai participar no lançamento da auscultação pública para o Diálogo Nacional e Inclusivo (DNI), agendado para esta terça-feira, 6 de Outubro de 2025.

A decisão foi comunicada pelo Secretário-Geral interino do partido, Messias Uarreno, em Maputo, na noite de segunda-feira. Segundo Uarreno, o boicote deve-se à falta de resposta a um pedido formal de integração da ANAMOLA na Comissão Técnica para o Diálogo Nacional e Inclusivo (COTE), um organismo crucial para a condução deste processo.
O Caminho da ANAMOLA para o DNI
Messias Uarreno fez questão de recordar que o líder da ANAMOLA, Venâncio Mondlane, foi o candidato presidencial mais votado nas eleições de Outubro de 2024, um período que foi seguido por quase um trimestre de manifestações populares que contestavam os resultados eleitorais. O partido sublinha que a sua participação no DNI é fundamental para a inclusão e representatividade.
“O partido ANAMOLA solicitou por escrito a sua integração em igualdade de circunstância nos trabalhos da COTE, não tendo tido resposta até a presente data… Portanto, como sinal de respeito, o partido ANAMOLA não se fará presente nas cerimónias do lançamento das auscultações a terem lugar amanhã, no dia 6 de Outubro de 2025, nas capitais provinciais”, afirmou Uarreno.
A ANAMOLA tem vindo a insistir na sua participação desde Agosto. No dia 25 desse mês, o partido enviou uma carta ao Presidente da República, Daniel Chapo, a propor a sua integração no DNI e a solicitar que o assunto fosse discutido no parlamento. Mais tarde, a 10 de Setembro, Mondlane reforçou publicamente que o partido queria fazer parte da comissão técnica, mesmo depois de o Presidente Chapo ter descartado a integração por via de cartas ou requerimentos.
Auscultação Paralela e Propostas de Reforma
Apesar de estar fora do lançamento oficial, a ANAMOLA não vai ficar de braços cruzados. Venâncio Mondlane já tinha adiantado, na sua página de Facebook a 21 de Setembro, que o partido, mesmo excluído do diálogo político “inclusivo”, apresentaria as suas contribuições à COTE. Estas contribuições visam as reformas da Constituição da República de Moçambique (CRM) e das Leis Eleitorais que estão a ser propostas no âmbito do DNI.
“Assim que a COTE iniciar as auscultações, a ANAMOLA, em paralelo, fará a sua auscultação pública aos cidadãos e, de seguida, vai depositar junto da COTE o resultado das opiniões manifestadas pelo povo moçambicano”, explicou Mondlane. Messias Uarreno confirmou que o partido enviará as contribuições finais da sua auscultação paralela à COTE até 15 de Dezembro.
As propostas da ANAMOLA para a revisão da CRM são ambiciosas e focam em áreas cruciais para a democracia moçambicana. O partido quer reformas na Lei Orgânica da Comissão Nacional de Eleições, na Lei do Recenseamento Eleitoral e nas leis eleitorais para a representação nas assembleias a vários níveis, bem como na eleição do Presidente da República. A intenção é garantir um sistema eleitoral mais justo e transparente, que reflita a vontade popular.



