Cerca de 60% das moçambicanas vítimas de violência não procuram ajuda

Um dado alarmante revela que a maioria das mulheres moçambicanas que sofrem violência não busca apoio, um cenário que exige atenção urgente e um olhar aprofundado sobre as barreiras que as impedem de procurar ajuda.

O Silêncio da Maioria
Em Moçambique, a violência contra mulheres é uma realidade preocupante, e os números mais recentes mostram que cerca de 60% das vítimas não procuram qualquer tipo de assistência. Este silêncio é um reflexo de vários factores complexos que se entrelaçam na sociedade moçambicana, perpetuando ciclos de abuso e sofrimento.
Porquê o Medo e a Vergonha Prevalecem?
Há várias razões que levam as mulheres a não denunciar ou a não procurar ajuda. Muitas vezes, o medo de represálias por parte do agressor é um factor dominante. A vergonha e o estigma social também desempenham um papel crucial, pois a denúncia pode levar à marginalização ou à culpa por parte da comunidade ou da família. Além disso, a dependência económica do agressor pode prender as vítimas numa situação de vulnerabilidade, dificultando a sua saída.
A falta de informação sobre onde e como procurar ajuda é outra barreira significativa. Muitas mulheres desconhecem os serviços de apoio disponíveis, como esquadras policiais com unidades de atendimento especializadas, centros de aconselhamento ou organizações da sociedade civil que oferecem suporte legal e psicológico.
O Impacto na Sociedade Moçambicana
A violência de género não afeta apenas a vítima individual; tem um impacto profundo na saúde pública, na economia e no desenvolvimento social do país. Mulheres que vivem em situações de violência podem sofrer de problemas de saúde mental, como depressão e ansiedade, e de problemas de saúde física, muitas vezes com consequências a longo prazo. O silêncio das vítimas impede que os agressores sejam responsabilizados, contribuindo para a normalização de comportamentos violentos.
O Que Pode Ser Feito?
Para inverter esta tendência, é fundamental um esforço conjunto. As campanhas de sensibilização são cruciais para educar a sociedade sobre os tipos de violência, os direitos das vítimas e os serviços disponíveis. É preciso desmistificar o estigma e encorajar as mulheres a falar e a procurar ajuda sem medo de julgamento. O reforço das instituições que prestam apoio, garantindo que sejam acessíveis e eficazes, é igualmente importante. Isso inclui a formação de profissionais, a criação de espaços seguros e a disponibilização de recursos para a reintegração das vítimas na sociedade.
A educação, desde cedo, sobre igualdade de género e respeito mútuo é a chave para construir uma sociedade mais justa e livre de violência em Moçambique.



