Inhambane: homens são obrigados a “casar” com esposas já falecidas antes do funeral

Na província de Inhambane, no sul de Moçambique, uma prática cultural tem gerado indignação e debate: homens estão a ser forçados a realizar o lobolo, o casamento tradicional, com as suas companheiras já falecidas, antes mesmo que os seus corpos sejam sepultados.

Uma Tradição Controversa
Esta situação insólita ocorre principalmente quando o casal vivia junto sem que o homem tivesse formalizado o compromisso tradicional com a família da noiva. Após a morte da mulher, algumas famílias enlutadas exigem que o ritual do lobolo seja cumprido postumamente. A recusa em efetuar este pagamento pode levar ao condicionamento do funeral, criando um constrangimento adicional num momento de dor.

As autoridades locais confirmam que esta prática ainda é observada em certas regiões da província, apesar de não haver qualquer lei que a determine como obrigatória. Líderes comunitários reconhecem a urgência de intensificar campanhas de sensibilização para educar as comunidades e evitar que rituais deste tipo sobrecarreguem ainda mais as famílias que já estão a sofrer.
Para muitos dos homens afetados, a exigência do lobolo após a morte da parceira é vista como um abuso, uma forte pressão social e uma forma de humilhação imposta num período já bastante delicado e vulnerável. A situação sublinha a tensão entre as normas tradicionais e os direitos individuais no contexto moçambicano.



